Alimentação  (da série Diário de Kiaro)

Essa minha dona tem umas cismas… Não deixa eu cheirar um gramado. Porra! Grama faz bem a minha flora intestinal. Vai me dizer que na faculdade dela não tem uns coleguinhas que gostam de uma plantinha?

A gente tá na rua, passeando na boa. Basta eu começar a me deliciar com a grama e pronto! O clima muda. Sai me puxando pela coleira.

— Não, Kiaro! Não faz isso! Aí pode ter veneno.

Faz a louca, né? Assustada com veneno? Hahaha! E quando ela lancha nos fastfoods da vida? Essa regrinha só vale pra mim? Educar é dar exemplo. Deixasse eu comer grama, não gastava uma grana com minha alimentação. Hahaha. Gostaram do trocadilho? Grana x grama?  Quando quero, sou animal!

Lu paga caro pela minha ração especial. Na embalagem, bonita pra cachorro, está escrito aqueles pedregulhos conterem todas as vitaminas de que preciso. Sei.

Raciocinem comigo: vivemos em um País em que a comida dos humanos vem adulterada; enganam no peso, na composição; colocam agrotóxicos em excesso e por aí vai; há quem venda alimento vencido — e isso até em restaurantes de luxo; então, pedem para eu acreditar que eles iam fazer tudo direitinho nas rações para animais?

Minha sorte é que o pai dela — meu avô, portanto — sempre me socorre, sorrateiramente, com algumas delícias. Não fosse meu vô, estava desnutrido.

#avoetudodebom

Martha Aurélia Gonzalez escreve, quinzenalmente para o Clube de Crônicas e é tia de um buldogue francês

Imagem: portaldodog.com.br

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