(Por Wagner Veiga)
Começou a sessão, as luzes se apagam após a terceira piscadela, vem o Canal 100 (o Instagram da época), com Castelo Branco inaugurando algum colégio, ponte ou quebra-molas, futebol com a inesquecível vinheta e o “zoom” no campo – Mané Garrincha, Pelé, Gerson e outras figurinhas carimbadas. Em seguida, os trailers e o tão ansiosamente aguardado seriado em preto e branco do legendário Capitão América com suas estripulias no auge da II Guerra.
Mazzaropi, Anquito, Oscarito & Grande Otelo, Zé Trindade, Cantinflas, Jerry Lewis e outros dominavam as comédias cinematográficas. Porém, naquela fatídica noite, conforme combinamos, lá fomos nós: eu de mãozinha dada com minha primeira namoradinha que tinha olhos verdes e as duas irmãs que eram vizinhas e amigas.
Fomos assistir “Expresso de Von Ryan” estrelado por Frank Sinatra cujo personagem morre no final. Foi uma roubada, tinha um cidadão do meu lado numa overdose etílica roncando alto e exalando metanol puro, e o cinema estava lotado, cortou nosso barato.
Matinê, lá estávamos nós com um monte de gibis debaixo do braço além das figurinhas pra jogar “bafinho” e encher o álbum pra ganhar uma bola de “capotão” ou um radinho de pilha ali no Condino. Ficávamos excitados diante das histórias em quadrinhos que não tínhamos lido e ali fazíamos as trocas (a reciclagem já existia nos anos 1960). Era um luxo comprar um almanaque do Mandrake ou do Zorro, só o Vicentinho tinha os primeiros compactos, “Twist and shout” e gibis recentes.
Ali defronte ao Dinho engraxate, sempre polindo os sapatos do elegante Orlandinho e outros, na praça na dona Marieta. Deliciávamos com os amendoins e pinhões que nossas moedinhas podiam comprar. Tinha também a inesquecível “Taba Cacique” nos carnavais com as fantasias de índio e de palhaço.
Ilustração: Wagner Veiga