Entregue logo após o Oscar — a premiação mais badalada do cinema americano —, o Enrosca não é exatamente um prêmio de cinema nacional, mas, como há muito artista entre as figuras públicas brasileiras, as categorias são as mesmas. Veja os vencedores do ano.
Melhor Filme: La La Lava Jato
Parecia uma Missão Impossível lutar contra o Sindicato de Ladrões que saqueavam a Central do Brasil e todo o território nacional, mas um Gladiador resolveu encarar o desafio.
Melhor Diretor: Sérgio Moro
A qualidade do seu trabalho aparece nos detalhes. Iluminação e sonoplastia reveladoras. Sua marca, no entanto, é o enquadramento dos personagens. Stanley Kubrick, se vivo, não faria melhor.
Melhor Roteiro: Eike Batista
Do verdejante Jardim Botânico, bairro da Zona Sul carioca, a Bangu, um dos lugares mais quentes do Rio de Janeiro, são aproximadamente 50 quilômetros. Eike fez o percurso passando por Nova York. Nem agências que vendem roteiros do tipo “6 capitais em 4 dias” conseguem tanto deslocamento em tão pouco tempo. É mesmo de perder os cabelos.
Melhor Ator: Eduardo Cunha
Categoria das mais disputadas. Cunha, no entanto, desequilibrou a rinha ao contar ser portador de um aneurisma. Versátil, demonstrou interpretar com facilidade qualquer papel: de dono do mundo a doente terminal. O Poderoso Chefão é mesmo um Iluminado.
Melhor Atriz: Cláudia Cruz
Em entrevista à imprensa não se intimidou e, olhos nos olhos do repórter, revelou as qualidades admiradas no marido: “caráter e sinceridade”. Será que a jornalista ainda não percebeu que O Vento Levou sua Dolce Vita? Corra, loura, corra!
Melhor Figurino: Adriana Ancelmo
A esposa do ex-governador do Rio de Janeiro tem apreço por joias e sapatos de grife. Em que pese a qualidade dos acessórios, a indicação dividiu a Academia. A ala mais conservadora defendia que a foto de Adriana com amigas posando para mostrar a sola vermelha de seus Louboutins era brega demais, retirando o brilho do figurino. Apesar disso, a bonequinha de lixo levou a estatueta.
Melhor Fotografia: Sérgio Cabral
A imagem do ex-governador do Rio de Janeiro e sua trupe com guardanapos na cabeça, jantando em um dos restaurantes mais requintados de Paris, é a composição mais audaciosa dos últimos tempos. Sem filtro, diz muito sobre o caráter dos retratados.
Melhor Coreografia: Renan Calheiros
A arte de conceber movimentos e passos para chegar ao resultado perseguido tem em Renan um representante incansável. Rebola daqui, sapateia de lá, o indicado dança qualquer ritmo. Melhor: às vezes, ele impõe o ritmo. Envolve e até faz rodopiar muita gente experiente, como Todos os Homens do Presidente.
Melhor Montagem: Marcelo Odebrecht
Marcelo se destacou da concorrência ao criar um Departamento na empresa para cuidar da propina. Ganhou, ainda, a simpatia dos jurados quando vieram a público os apelidos criados para os envolvidos na trama. Cada personagem…
Melhor Maquiagem: Políticos
A Academia inovou e, em vez de escolher um nome, premiou uma categoria. De modo geral, antes da eleição, parecem honestos e competentes. São bonitos, limpos e fofos. Só não fazem coraçãozinho com as mãos porque há sempre uma criança no colo ou estão cumprimentando alguém. A maquiagem perfeita, no entanto, começa a borrar logo após serem eleitos. Ficam irreconhecíveis e também não reconhecem mais quem os elegeu. Nos bastidores, comenta-se que, para fazer frente a esse grupo, só os caras-pintadas.
Melhor Efeito Especial: Políticos
Segundo prêmio da classe. Merecidíssimo. Hospitais inaugurados com banda de música, mas sem equipamentos; escolas entregues sem professores e outras ações do tipo levaram a classe a ganhar sua segunda estatueta. Só não a levaram para casa porque algum gaiato passou a mão antes.