Foi amor à primeira vista. A beleza da Cidade do Cabo salta aos olhos. Imagine o Rio ou Vitória com poucos prédios, calçadas limpas, trânsito organizado e sem poluição. Isso mesmo, sem poluição! A cidade deveria ser receitada como tratamento médico para quem sofre de asma, bronquite e outras doenças respiratórias.
A pureza do ar pode ser explicada pela ausência de fábricas e também pela posição geográfica privilegiada. Segundo o dicionário, cabo é uma parte de terra que entra pelo mar. A Cidade do Cabo fica na pontinha sul do continente africano, onde se encontram duas correntes marítimas: uma quente vinda do Oceano Índico, e outra fria (ou melhor, gelada), que sobe pelo Atlântico. Os ventos constantes varrem para longe a sujeira.
Acostumada a respirar pó de minério em Vitória, aproveitei para fazer uma faxina nos meus pulmões enquanto esperava o sol descer no horizonte. Como em qualquer cidade litorânea, o calçadão serve de ponto de encontro para casais apaixonados, corredores esforçados e turistas deslumbrados. Só faltou baterem palmas para o pôr do sol, como no Arpoador.
Atravessando o parque Green Point, no bairro de mesmo nome, recebi as boas vindas de um bando de gaivotas. Nesse momento, percebi que estava num lugar único, onde o selvagem e o urbano convivem em harmonia. A construção de um moderno estádio de futebol para a Copa de 2010, no meio de um campo de golfe, não afastou os “moradores” da região. Além das gaivotas, patos e outras aves continuam se sentindo os “donos do pedaço”.
Em outro parque, no centro da cidade, são os esquilos que cruzam o caminho dos pedestres. Já no Cabo da Boa Esperança, fui surpreendida por uma família de avestruzes atravessando a pista. Tivemos que parar o carro e dar passagem ao casal e três filhos. Ali, nós éramos os estranhos, os animais estavam em casa.
O que também me impressionou nessa viagem foi a simpatia do povo sul-africano. Eles estão sempre sorrindo. No trato com os turistas, vão além da educação. Quer um exemplo? Após pagar a conta numa pizzaria, eu e minha mãe perguntamos ao garçom onde poderíamos pegar táxi. Em vez de responder, ele simplesmente saiu do restaurante e nos acompanhou até a rua, onde havia um ponto.
Eu poderia passar horas contando os motivos pelos quais me apaixonei pela África do Sul. Um guia brasileiro que trabalha na Cidade do Cabo disse que muitos turistas acabam retornando ao país, para comemorar alguma data especial, como bodas de casamento. Ou então, arranjam outro pretexto. Eu já estou procurando um.
(Março, 2014)
Foto: Elisa Yoshihara