Olimpiadas

Um golpe terrorista, dos mais ardilosos, foi dado na cidade do Rio de Janeiro, sede das Olimpíadas 2016 e nem todo mundo se deu conta. Tudo aconteceu antes do início dos Jogos. Hábeis, os terroristas elegeram não o público comum, como é usual, e, sim, uma autoridade para atacar e, pior, fazer dela uma arma contra as Olimpíadas.

Eduardo Paes, o prefeito carioca, bebia seu chopinho em um bar da Lapa e, ao virar-se para cumprimentar um grupo de pessoas, terroristas colocaram água da Baía de Guanabara em seu chope.

A água contaminada da Baía, se ingerida, todo carioca sabe, traz efeitos colaterais muito, muito piores do que o famoso “Boa Noite, Cinderela”, golpe no qual criminosos adicionam substâncias à bebida, fazendo a vítima perder momentaneamente os sentidos.

Desacordado, levaram o prefeito para o cativeiro em Maricá, daí o seu trauma com a cidade. Passaram-se algumas horas e, quando Eduardo acordou falando mal do Rio e outras sandices, os terroristas perceberam que ele estava no ponto ou, como dizem, em ponto de bala, para voltar ao trabalho.

Soltaram-no perto da Prefeitura, sabedores que o efeito da água contaminada duraria muitos e muitos dias. O estrago estaria garantido. Não deu outra! Em viagem aos Estados Unidos da América, a autoridade número 1 da cidade-sede dos Jogos, em entrevista à rede de televisão americana CNN, criticou o Governo Estadual pelo trabalho à frente da segurança pública.

— O Estado está fazendo um trabalho terrível — disse in english, of course!

Um assessor sugeriu ao prefeito dar uma coletiva revelando ter errado no uso do adjetivo. Disse terrible pensando em usar terrific — palavra falsa-amiga, cujo significado é formidável. Com o organismo poluído, repleto de coliformes fecais dos pés à cabeça, repudiou a ideia e, dias depois, ainda revelou ao jornal britânico The Guardian:

— A Olimpíada é uma oportunidade perdida — in english, again.

Pessoalmente, não sou uma entusiasta em sediar os Jogos, como não fui com a Copa. O Brasil, a meu ver, precisa arrumar sua casa antes de receber para festas. Mas, já que vai acontecer, melhor, que está acontecendo, vamos torcer para o sucesso do evento. E nessa torcida inclui-se, claro, Eduardo Paes. Então: Por que não te callas, hombre?

A largada para os Jogos já foi dada. São 42 esportes. E, em homenagem aos aros olímpicos, arredondo outros números:  mais de dez mil atletas disputarão cerca de 300 provas.

Tem esportista à beça para escolher por quem torcer. Eu, com todo respeito, torço mesmo é para o Eduardo Paes pegar uma faringite que o impeça de falar até a cerimônia de encerramento. Não me entenda mal, sou da paz. Mas o gestor já garantiu sua medalha de ouro no quesito inadequação.

Levou pelo conjunto da obra. E não me refiro à ciclovia da Niemeyer. Esses dias, aprontou mais uma. A delegação da Austrália reclamou das instalações da Vila Olímpica. Sua excelência afirmou que, para os atletas se sentirem em casa, estava quase colocando um canguru para pular na frente deles. Oi?

A chefe da delegação respondeu, diplomaticamente, não precisar de canguru e sim de encanador. Pegasse um australiano pulando de raiva e teria ouvido:

— Não trouxe o canguru porque poderiam lhe roubar a bolsa.

Cá para nós, nessa Olimpíada, onde tudo o que todos querem é ganhar, o prefeito tem perdido várias oportunidades de ficar calado, não? Chega de declarações-bomba!

Prefeito, deixa a festa com os atletas e torcedores. Tenha certeza, mesmo em tempos de brigas por medalhas, continua valendo a máxima: o silêncio vale ouro.

Martha Gonzalez escreve, quinzenalmente, aos domingos

Imagem: www.jb.com.br

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