Sobre elevadores

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Ah! Elevadores. Há algo de misterioso naquela caixinha de distribuir pessoas pelos andares de um prédio. Todos ficamos previsíveis como final de novela. Num prédio comercial, a loucura começa no hall de entrada. As pessoas vão chegando, uma a uma, e registrando suas digitais no botão contra a parede.

E, mesmo tendo visto alguém acionar o botão , vamos lá e apertamos outra vez.  O que isso significa, meu Deus?  Por que não confiar na capacidade do antecessor? São poucos a resistir,  comportando-se como crianças na frente de um bolo de aniversário.

Todos vigiam a sequência luminosa, ascendente ou descendente. Mas, reparem: basta parar e demorar um pouquinho e alguém avança, guloso, para o botão. Alguns, sem graça pelo comportamento irracional, verbalizam a desculpa padrão, tosca: “Tá demorando, né?”

Demorando? Por acaso, estamos esperando um trem alemão? Cadê a escala de horários para certificar o atraso? Quando estão demorando, aconselho ir pela escada, porque atraso de elevador é coisa grande. Sempre se ouve “Tô aqui há uma hora e esse elevador, nada!” Ele, de fato, não nada. Não é meio de transporte anfíbio. Pode-se até dizer poeticamente que voa, mas nadar, definitivamente, não é sua onda.

Finalmente chega. Aberta as portas, nem bem quem está dentro sai, todos entram apressados. Se não tem ascensorista, repete-se o furor contra os botões, cada um confirmando seu pavimento. E não importa se já tenha sido marcado antes. Havendo ascensorista, fala-se o número, alguns repetidos à exaustão.

Se ali estiver uma moça, é bem comum um engraçadinho soltar o manjadíssimo “Vamos para o quarto.” Certa vez, um deles ouviu como resposta “Só se for para o quinto dos infernos!” Precisavam ver a cara do sujeitinho aguardando chegar ao seu destino para fugir daquele constrangimento.

Bom, voltando à nossa descrição, fechada a porta, o normal é seguir um grande silêncio. Ninguém fala, embora todos prestem atenção nos vizinhos. Vez por outra, um sem-noção impõe sua voz e a vida pessoal pelo celular.

Alguns, olham para o chão. Outros, para o painel de números acima, acendendo e apagando conforme aquele transporte se desloca.

Meu tio Danilo, ainda vivendo em meu coração, adorava se divertir em elevadores. E eu seguia como sua cúmplice. Certa vez, num hospital, pegamos um lotado. Ele, me olhando sério, começou:

— Não sei como ele vai conseguir operar hoje. Passou a noite bebendo comigo.

— Mas ele tem tremido menos, tio —respondi.

— O pior é a mania de marcar tantas operações no mesmo dia. Acaba fazendo tudo correndo.

O silêncio de estupefação era quase palpável. No nosso andar, saíamos piscando para os passageiros, para entregar a brincadeira. Vai que… No prédio residencial, o comportamento é diferente, embora previsível do mesmo modo. Você sempre conhece o ilustre tipo faceiro viajando ao seu lado. Ou porque votou com ele na última reunião de condomínio, ou porque já discutiu sobre o limite da vaga de garagem.

Enfim, não é um total desconhecido. Você o respeita mais, deixa até de apertar o botão presumindo-o capaz de tal trabalho. Aí, depois do bom-dia, ou boa-tarde, ou boa-noite, começam as mesmices: “Calor, hem?” “Ô! “Não sei aonde isso vai parar”. Se estiver frio lança-se um “Caiu a temperatura, né?” Se chover, é a chuva.

Quer dizer, o clima é, o tempo todo, o assunto reinante dos elevadores, talvez por ser assunto neutro. Nem a chamada “música de elevador” é tão constante. Há um certo conforto em não ter que discordar de mais nada até chegar são e salvo ao final do trajeto.

E quer saber? Não há mal algum nisso. A existência é tão imprevisível, um sobe e desce tão frenético, não sendo de todo mal encontrarmos um lugar em que ligamos o piloto automático e deixamos a vida, ou melhor, o elevador nos levar. “Subindo!”

Imagem: blog Bolas e Letras

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